Segundo o especialista da área Rodrigo Balassiano, a discussão sobre fundos estruturados com foco em diversidade tem ganhado espaço entre gestores, investidores e agentes reguladores atentos à importância da inclusão e da responsabilidade social no ambiente financeiro. Esses fundos não apenas buscam retorno financeiro, mas também promovem alocação de recursos em iniciativas lideradas por mulheres, pessoas negras, indígenas, LGBTQIA+ e outros grupos historicamente sub-representados no mercado de capitais.
Invista com propósito e visão de futuro — descubra como fundos estruturados com foco em diversidade podem unir desempenho financeiro e impacto social em uma mesma estratégia.
Como os fundos estruturados com foco em diversidade são concebidos?
Os fundos estruturados com foco em diversidade são criados a partir de uma tese de investimento que prioriza projetos ou ativos ligados à inclusão de grupos diversos. Isso pode ocorrer por meio da seleção de empresas lideradas por pessoas de perfis variados ou que implementem políticas efetivas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). Além disso, a estruturação do fundo pode prever métricas ESG específicas e metas de impacto social mensurável.

Na prática, esses fundos podem se constituir como FIDCs, fundos de participação (FIP) ou fundos de crédito estruturado voltados ao financiamento de micro e pequenas empresas fundadas ou geridas por mulheres, pessoas negras ou empreendedores da periferia. A análise de risco e retorno considera, além dos indicadores financeiros, aspectos sociais e reputacionais, valorizando a solidez institucional das iniciativas e seu potencial transformador.
Outro ponto fundamental, de acordo com Rodrigo Balassiano, é o envolvimento de gestores com experiência em diversidade e impacto social, o que contribui para decisões mais alinhadas com os objetivos do fundo. Alguns veículos contam ainda com comitês de diversidade para orientar a política de investimento e garantir que os critérios sociais sejam efetivamente integrados ao processo decisório. Isso assegura maior coerência entre discurso e prática, fortalecendo a proposta de valor do fundo.
Quais são os impactos e benefícios desses fundos para a sociedade e o mercado?
Os fundos estruturados com foco em diversidade geram impactos significativos ao ampliar o acesso de grupos sub-representados ao capital e aos mercados financeiros. Ao canalizar recursos para negócios diversos, esses fundos ajudam a combater desigualdades históricas e a promover mobilidade econômica. Como destaca o especialista Rodrigo Balassiano, isso resulta em maior geração de renda, formalização de negócios e ampliação do ecossistema empreendedor inclusivo.
Além dos efeitos sociais, esses fundos oferecem benefícios econômicos concretos. Diversas pesquisas indicam que empresas com maior diversidade apresentam melhor desempenho financeiro e tomada de decisão mais eficaz. Assim, investir com base em critérios de diversidade não é apenas um gesto ético, mas também uma estratégia racional para alcançar retornos consistentes no longo prazo. A diversidade se torna, portanto, um diferencial competitivo real.
Quais são os desafios para consolidar os fundos com foco em diversidade?
Apesar de promissores, os fundos estruturados com foco em diversidade enfrentam desafios importantes para se consolidarem como uma classe relevante de ativos. Um dos principais entraves está na escassez de dados padronizados e confiáveis sobre diversidade nas empresas e empreendedores. Sem informações consistentes, torna-se difícil avaliar riscos e impactos de forma comparável entre diferentes projetos e ativos.
Outro obstáculo é o preconceito estrutural no sistema financeiro, que ainda apresenta resistência à concessão de crédito e investimento a negócios liderados por pessoas de grupos minorizados. Muitas vezes, essas empresas são vistas como arriscadas por falta de garantias tradicionais, histórico de crédito ou inserção formal. Conforme Rodrigo Balassiano, isso exige que os gestores inovem nas metodologias de análise, priorizando aspectos como engajamento comunitário, viabilidade operacional e impacto social.
Em suma, os fundos estruturados com foco em diversidade representam uma evolução significativa na forma de pensar o investimento: não apenas como instrumento de geração de lucro, mas como vetor de transformação social. Ao direcionar capital para iniciativas inclusivas e sustentáveis, esses fundos constroem pontes entre desempenho financeiro e responsabilidade coletiva. Embora ainda enfrentem obstáculos, seu crescimento reflete uma mudança cultural profunda no mercado, em que valores como representatividade, equidade e impacto se tornam tão relevantes quanto os números do balanço.
Autor: Natimoura Dalamyr